quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Um pouco de tudo o que eu gostaria de falar para a Anna Júlia

A Anna Júlia foi a minha primeira afilhada, minha sobrinha precoce, que eu vi nascer, andar, correr, falar as primeiras palavras, algumas vezes de longe mas sempre com o coração muito muito perto.



A forma como eu me tornei madrinha da Anna Júlia foi a mesma pela qual ela se tornou filha em meu coração. Ela devia ter uns três anos e estávamos conversando, eu e minhas duas irmãs, sobre nossos padrinhos e nossas madrinhas. De todos na minha casa a única que teve madrinha e padrinho presente na vida, fui eu! Minha tia/madrinha Elza se tornou um pouco madrinha de cada um de nós, principalmente depois que meus pais partiram muito cedo dessa vida. E durante a conversa a pequena menina perguntou pra minha irmã:

- Mãe, oque é uma madrinha?

E minha irmã respondeu com simplicidade:

-Madrinha é a pessoa que vai ficar no lugar da mãe, se um dia sua mãe morrer quem vai cuidar de você vai ser sua madrinha.

Nesse momento, para surpresa de todos, a pequena menina de cachinhos dourados pulou no meu colo num abraço de urso desastrado e disparou: 

- Então a minha madrinha vai ser a Tia Jana!

E foi assim que fui escolhida para madrinha. A escolha mais legítima que eu já vi na minha vida. Mas levou alguns anos para se concretizar de fato, porque afinal a menina já era batizada, precisava esperar a crisma, mas desse dia em diante ela passou a me chamar de “madrinha” e eu ganhei minha primeira afilhada. Ganhei literalmente, a Anna Júlia foi um lindo presente na minha vida.



Ela foi a criança mais meiga do mundo, linda, comportada, toda patricinha (para desgosto da minha irmã havy metal rsrsrs), vivia as voltas com sapatinhos cor-de-rosa e estampas de oncinha, vaidosa e delicada.

Lembro-me do quanto era bom cuidar daquela menininha nas férias, do quanto eu queria ficar pra sempre juntinho dela, do quanto aquela risada sonora me emocionava e me fazia feliz, do prazer indescritível que era dar banho na pequena, no chuveiro, assim no colo, quando ela era apenas um bebezinho. Ou quando ela já estava mocinha e eu ajudava a se arrumar, pentear o cabelo, colocar a roupa...



A pequena dama de honra com vestido dourado de princesa que não quis entrar na igreja carregando a aliança no meu primeiro casamento e que dias depois me disse com o peito estufado e cheia de coragem:

-Madrinha, a próxima vez que você se casar eu prometo que não fico com medo e entro na igreja, tá?




E ela foi crescendo, crescendo, crescendo...  tanto que acho que agora serei eu que entrarei na igreja um dia, e não quero nem saber, Iara Carolina vai ter que dividir seu lugar de mãe comigo no altar! Afinal foi ela que começou essa história de madrinha também ser mãe!



Ah! Anna Júlia, minha pequena, meu bebê, minha menina, minha adolescente... mulher! Com seus quase 1 metro e setenta, mas que só me vem a memória a figura da menina frágil, que corria pra minha cama quando amanhecia, pra gente dormir mais um pouquinho, assim abraçadinha. Ô saudade desse tempo meu Deus!

Minha flor, a primeira for da primavera da vida de todos os setembros desde 1998, minha princesa! Desculpa se muitas vezes eu fui dura e exigente, se não cedi a muitos dos seus caprichos e se por muitas vezes eu não pude te proteger da vida tanto quanto eu gostaria de ter feito. Me perdoa se permiti que algumas pessoas te magoassem e se não fui a melhor madrinha que existe nesse mundo. Tento ser a melhor madrinha que eu posso ser.



E tenho certeza que serei uma mãe muito melhor para meus filhos do que seu seria se não houvesse você na minha vida, porque você foi me ensinando ao longo desses 15 anos, me ensinando a amar e ser amada, me ensinando essa coisa de ter filho, esse amor incondicional, esse se doar sem esperar mais que o seu sorriso em troca.




Obrigada por fazer parte da minha existência, mais uma vez!