A Anna Júlia foi a minha primeira
afilhada, minha sobrinha precoce, que eu vi nascer, andar, correr, falar as
primeiras palavras, algumas vezes de longe mas sempre com o coração muito muito
perto.
A forma como eu me tornei
madrinha da Anna Júlia foi a mesma pela qual ela se tornou filha em meu
coração. Ela devia ter uns três anos e estávamos conversando, eu e minhas duas
irmãs, sobre nossos padrinhos e nossas madrinhas. De todos na minha casa a
única que teve madrinha e padrinho presente na vida, fui eu! Minha tia/madrinha
Elza se tornou um pouco madrinha de cada um de nós, principalmente depois que
meus pais partiram muito cedo dessa vida. E durante a conversa a pequena menina
perguntou pra minha irmã:
- Mãe, oque é uma madrinha?
E minha irmã respondeu com
simplicidade:
-Madrinha é a pessoa que vai
ficar no lugar da mãe, se um dia sua mãe morrer quem vai cuidar de você vai ser
sua madrinha.
Nesse momento, para surpresa de
todos, a pequena menina de cachinhos dourados pulou no meu colo num abraço de
urso desastrado e disparou:
- Então a minha madrinha vai ser a Tia Jana!
- Então a minha madrinha vai ser a Tia Jana!
E foi assim que fui escolhida
para madrinha. A escolha mais legítima que eu já vi na minha vida. Mas levou
alguns anos para se concretizar de fato, porque afinal a menina já era
batizada, precisava esperar a crisma, mas desse dia em diante ela passou a me
chamar de “madrinha” e eu ganhei minha primeira afilhada. Ganhei literalmente,
a Anna Júlia foi um lindo presente na minha vida.
Ela foi a criança mais meiga do
mundo, linda, comportada, toda patricinha (para desgosto da minha irmã havy
metal rsrsrs), vivia as voltas com sapatinhos cor-de-rosa e estampas de
oncinha, vaidosa e delicada.
Lembro-me do quanto era bom
cuidar daquela menininha nas férias, do quanto eu queria ficar pra sempre
juntinho dela, do quanto aquela risada sonora me emocionava e me fazia feliz,
do prazer indescritível que era dar banho na pequena, no chuveiro, assim no
colo, quando ela era apenas um bebezinho. Ou quando ela já estava mocinha e eu
ajudava a se arrumar, pentear o cabelo, colocar a roupa...
A pequena dama de honra com
vestido dourado de princesa que não quis entrar na igreja carregando a aliança
no meu primeiro casamento e que dias depois me disse com o peito estufado e
cheia de coragem:
-Madrinha, a próxima vez que você se casar eu prometo que não fico com medo e entro na igreja, tá?
-Madrinha, a próxima vez que você se casar eu prometo que não fico com medo e entro na igreja, tá?
E ela foi crescendo, crescendo,
crescendo... tanto que acho que agora
serei eu que entrarei na igreja um dia, e não quero nem saber, Iara Carolina
vai ter que dividir seu lugar de mãe comigo no altar! Afinal foi ela que
começou essa história de madrinha também ser mãe!
Ah! Anna Júlia, minha pequena,
meu bebê, minha menina, minha adolescente... mulher! Com seus quase 1 metro e
setenta, mas que só me vem a memória a figura da menina frágil, que corria pra
minha cama quando amanhecia, pra gente dormir mais um pouquinho, assim
abraçadinha. Ô saudade desse tempo meu Deus!
Minha flor, a primeira for da
primavera da vida de todos os setembros desde 1998, minha princesa! Desculpa se
muitas vezes eu fui dura e exigente, se não cedi a muitos dos seus caprichos e
se por muitas vezes eu não pude te proteger da vida tanto quanto eu gostaria de
ter feito. Me perdoa se permiti que algumas pessoas te magoassem e se não fui a
melhor madrinha que existe nesse mundo. Tento ser a melhor madrinha que eu
posso ser.
E tenho certeza que serei uma mãe
muito melhor para meus filhos do que seu seria se não houvesse você na minha vida,
porque você foi me ensinando ao longo desses 15 anos, me ensinando a amar e ser
amada, me ensinando essa coisa de ter filho, esse amor incondicional, esse se
doar sem esperar mais que o seu sorriso em troca.
Obrigada por fazer parte da minha
existência, mais uma vez!