sábado, 25 de junho de 2011

E pra você: O que é o amor?


Ele pode ser representado em algo material sem que isso signifique querer aprisioná-lo ou tirar vantagens?
Pra mim ele pode sim ser representado de várias formas, uma delas é pelo café preto e forte, me lembra o vínculo que sempre tive com meu pai que me levava uma xícara na cama, quando eu estava em casa.
Depois lembra dos amigos queridos e dos amores com os quais compartilhei os cafés da vida, pode ser café preto, capuccino, chocolate quente, chá... Pode ser em casa, numa padaria à beira mar, numa cafeteria, numa lanchonete, durante uma reunião de trabalho ou na pausa dela... Sempre aquecendo meu coração e o das pessoas que compartilhavam desses momentos comigo.
Muitas vezes vinha com meu "famoso bolo de banana", e quem nunca foi em casa tomar café com bolo de banana não sabe o que tá perdendo.
À todos que algum dia compartilharam seus cafés comigo: OBRIGADA! Amigos e amores são o que fazem a vida valer a pena (nos amores incluo minha família, meus irmãos e meus sobrinhos, que AMO de paixão).


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Como transformar a tristeza

Ontem quando cheguei em casa do trabalho, cansada, encontrei uma Tristeza gigante no meio da minha sala, me esperando. Ela era realmente muito grande, alta, mais de 3 metros de altura, tão pesada que nem consigo deduzir seu peso.
Pensei em lutar, mas confesso que fiquei com medo, ela era realmente assustadora. Aí pensei: O que fazer com essa Tristeza que invadiu minha casa e que parece ser tão maior e mais forte que eu, que tenho meus míseros 1,62 de altura e meus parcos 55 quilos?
Aí eu convidei a “dita cuja” pra tomar um sorvetinho, unzinho só, nesse calor de Belém quem resiste? Fomos ao mercado e compramos um pote dos grandes, chocolate, morango e creme. Tomamos com calda de chocolate e flocos de ovomaltine. E ela já não era só uma Tristeza grande e assustadora, agora ela era uma Tristeza doce.
Mas hoje de manhã ela continuava lá. E o que fazer? Chamei-a pra ir comigo ao salão de beleza, banho de brilho nos cabelos, hidratação e bem, agora eu tinha uma Tristeza doce e bonita, muito bonita.
Continuamos juntas, mais sorvete, uma conversinha ao telefone com pessoas amadas, uma voltinha pra comprar o presente de aniversário de uma amiga querida, a leitura de um livro delicioso... e ao final do dia a surpresa: ela me chama no canto e diz: Acho que vou trocar de nome (confesso que nessa hora fiquei curiosa), encontrei um nome mais bonito, o que você acha? A partir de agora pode me chamar de Alegria, doce, bonita e cheia de motivos para sorrir, cheia de amigos, família e amor...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Água e cura

Água cura quase tudo!
Água cura quase nada...
Não cura saudade
Nem dor de amor bem doída
Não cura ciúmes
Nem dor de cotovelo
Não cura inveja
Nem noite mal dormida
Não cura choro convulsivo
Nem cara amassada no espelho
Não cura vontade de morrer
Nem vontade de nascer em outra vida
Água não cura quase nada
talvez o cálculo renal,
talvez cistite e ácido úrico,
talvez endireite a pineal,
Mas não cura quase nada
nada que doa de verdade
e seja urgente,
nada que seja pra ontem
pra quem chegou atrasado
e perdeu o último trem da estação,
assim de repente.
Água não cura, não!
Água não cura você
ferida aberta no meu coração,
punhal cravado no peito,
repentinamente.
Sangue talhado na minha artéria.
Grito sufocado na garganta.
Amor que se suicida.
Água não cura,
nem quando afoga 
pra fugir dessa vida.
E tem outro remédio
pra essa loucura?
Analgésico, antipirético,
antiespasmódico,
antidepressivo,
anticonvulsivo?
Garrafada do ver-o-peso?
Não, isso não tem cura mesmo!
Janaina Maia
03/06/2011

Às vezes...

Às vezes eu sou outra pessoa, alguém que não quer tudo isso que essa “eu” tem, alguém que quer outras coisas, coisas diferentes, coisas opostas...

Às vezes quero sair dessas quatro paredes e começar diferente... seguir outros caminhos... mas continuar aqui... como alguém que vai querendo ficar ou fica quando deve ir.

Às vezes sou essa insatisfação, esse algo inacabado que clama por finalização... as vezes...

Às vezes era isso mesmo que eu queria, mas que de alguma forma obscura poderia ser diferente. Ter outras cores nas paredes da sala, mantendo as cores que tem... ter outras salas espalhadas pelo mundo, mantendo a sala que tem... ter outros mundos na mesma vida, deixando a vida como está...

É esse querer tudo ao mesmo tempo agora que insatisfaz o coração que quer e não consegue... É esse esperar por quem não vem e ter que “ficar só, com as escolhas de antigamente” ou seria “ficar, só com as escolhas...”. Tantos são os problemas que uma vírgula pode trazer...

Às vezes a fumaça do cigarro faz falta, era minha única bailarina... e agora ficou o café, sozinho na sua solidão negra e amarga... continuo bebendo, mas a fumaça não dança...

Às vezes a espera me consome e falta você na lua cheia, você que está aqui mas que outro dia foi embora, há muitos anos atrás...

A mochila espera vazia no armário o tempo de recomeçar, e as promessas deveriam ter prazo de validade...

Às vezes sinto falta da minha insônia, amiga, companheira de noitadas... o sono vem mas minh’alma ainda é boêmia e sofre por ter que dormir...

Às vezes eu queria ser o que eu era, simples assim, vestido solto na primavera... pés descalços na areia... cabelos ao vento no outono... e depois do inverno esperar pelo primeiro botão de flor, pela borboleta saindo do casulo...

Às vezes eu queria ser a borboleta, uma dessas brancas, alva, clara, pequena, dessas que voam em bandos... uma dessas negras, brilhante, azulada, grande e rara, dessas que voam sozinhas... mas uma borboleta...

Às vezes a culpa é sua e não minha, por trazer tanto de diferente pra nascer o mesmo sol amanhã... por mostrar tanto daquilo que é sonho pra mesma noite sem luar... às vezes a culpa é minha por acreditar...

Os cabelos continuam negros e compridos, marca registrada de quem quer ser a mesma e ao mesmo tempo mudar... os olhos ficaram tristes, eles que sorriam e brilhavam antes de você chegar... ou seria antes de você partir daqui pra outro lugar?

Às vezes sinto falta de poesia, falta de música e de sonhos, falta de algo que não seja sério... e me que transborde em mistério como água bebida em taça de cristal, como vinho e chocolate...

Vinho e chocolate... às vezes eu queria que tivessem me avisado antes pra não ter que abrir a porta assim, desavisada...

Às vezes, e só às vezes... eu queria entender os sentimentos que povoam o mundo dos mortos e trazem os meus de volta...

Janaina Maia
Nov/2009

quarta-feira, 1 de junho de 2011

6 bilhões de outros

Olhando o site do projeto "6milliards d'autres" [http://www.6milliardsdautres.org/] e vendo as fotografias das pessoas, lendo algumas respostas e vendo alguns vídeos fiquei pensando no quanto olhamos pro nosso próprio umbigo, sempre, e sempre, e sempre... Agimos como se nossos sonhos fossem os únicos legítimos, as nossas dores fossem as únicas a doerem de verdade e as nossas verdades fossem as mais verdadeiras, mais verdadeiras que as do resto do mundo. Todas as pessoas são legítimas, todos os sonhos são reais e todas as verdades fazem parte de uma grande colcha de retalhos, que é o todo. O incrível é que, mesmo tendo essa visão fragmentada do mundo, fazemos parte do todo. De alguma forma misteriosa eu estou conectada com a Aline, uma francesa de 24 anos, professora e que espera um bebê. A foto da Aline é linda, grávida e olhando pro futuro ao olhar pra própria barriga. A Aline tem sonhos, tão lindos e legítmos quanto os sonhos de todas as outras pessoas do mundo: "6 bilhões de outros"

Me entristece profundamente  ver um projeto tão lindo e em seguida postar uma mensagem noticinado a morte de um casal que lutava apenas para manter a floresta viva. Morte não, assassinato! Pessoas morrem para manter seus sonhos vivos!!! Sonhos de um mundo melhor e mais justo, um mundo ecologicamente equilibrado, com água para todos, alimentos para todos, oxigênio para todos, verde para todos...

Mas por outro lado a contradição entre a morte do casal extrativista do PA com o projeto francês para mostrar os sonhos dos "outros" alimenta a minha pontinha de esperança, aquela que acredita que os bons são maioria! E estou eu aqui e você aí para comprovar o que estou dizendo. Os bons são sim, maioria!


Cicatrizes não doem e o sol continua a nascer...

Porque ficamos tristes quando um amor não dá certo? Quando não recebemos a atenção que gostaríamos? Quando temos que tomar decisões que não são as que gostaríamos mas são as corretas? Quando nossos desejos e sonhos não são realizados? Porque ficamos tristes? É difícil aceitar que nem sempre teremos tudo aquilo que desejamos, que muitas vezes teremos que cortar a própria carne para curar a ferida, que fazer o que é certo é muito mais difícil do que fazer aquilo que as pessoas esperam que façamos, e depois ainda podemos descobrir que o que achávamos certo, era, na verdade, um grande equívoco. Mas tudo faz parte desse grande aprendizado que é a vida. E se olharmos com outros olhos podemos passar pela dor sem a tristeza, podemos compreender que não temos que chorar o tempo todo, que vale a pena sorrir, que conseguimos sorrir. Basta olhar o rostinho de uma criança, e quem tem uma em casa sabe do que estou falando, não tenho nenhuma ainda mas sei como elas são capazes de fazer com que esqueçamos todos os dissabores, as mágoas e as dores, por maiores que sejam. A vida é de uma beleza indescritível, em cada minúcia, em cada ínfima partícula de amor que compõem todos os seres. Sim! Todos os seres são compostos de partículas de amor, ainda que ele não tenha consciência disso. Ainda que ele use o não-amor para expressar sua existência, isso é temporário. Só o amor é permanente e real! A vida é cara, rara e deve ser vivida com toda a sua intensidade, em todas as emoções e sensações. Viver a dor faz parte disso, é fundamental para que possamos nos conhecer verdadeiramente, é importante para que possamos dar o real valor para a felicidade e para os momentos valiosos, para as pessoas que amamos e para as que nos amam, para cada por-do-sol e para cada amanhecer. A dor passa, fica a cicatriz, mas cicatrizes não doem! Ufa! Que bom, cicatrizes não doem e o sol continua a ser pôr e depois a nascer...








Janaina Maia
Belém

O mundo

O mundo está do lado de fora, no andar de baixo desse apartamento, do outro lado do rio, na floresta que só conheço das lendas de flores e cachoeiras e amores impossíveis...

A vida está no mundo que está do lado de fora, no andar de cima desse quarto, nessa mesma margem do rio, no remanescente de floresta que agora encontra-se cercado de muros no centro da metrópole de dois milhões de habitantes que só conheço da janela do ônibus... O que aconteceu com a lenda do amor impossível que virou flor na beira da cachoeira? Era noite de lua cheia...

Você está na vida que está no mundo que está do lado de fora, no mesmo andar que eu, no meio do rio que não se vê a margem (me afogo nessa miragem), na árvore que restou da floresta mas que ainda floresce, na lenda da flor de amor de lua cheia que não ficou escrita em nenhuma pedra e todo mundo esqueceu...

O mundo, a vida, o rio, a floresta... tudo o que resta, resta você e eu.



Janaina Maia (em Belém)

Amor

Amor que não finda
que fundo no mar
dos teus olhos me afogo
me afundo na saliva
do beijo que desejo.

Amor que não é ainda
caminho que tarda
e chega com a chuva
que molha e encharca
minh’alma e teu corpo.

Amor que é minha vida
e embarco no teu sonho
que cobre de sol o meu dia
e de lua, poesia
que é longe e de longe magia.

Amor que é amor simplesmente
que penetra no corpo da gente
que marca com ferro e com dor
aquilo que é mais que amor
aquilo que é vida e urgente.

Amor vem agora com o vento...
Amor, vem agora com o vento!
Acaba com esse tormento
ser chuva, ser sol, ser relento
meu poro, minha lágrima, meu pensamento
vem, que meu dia acabou!



Janaina Maia
25/01/2011

Querer

Você era tudo o que eu queria pra minha manhã de amanhã
e de todos os outros dias...
Café na cama com gosto de capuccino,
sol ou chuva,
frio ou calor,
brisa ou ventania,
não importa,
você era o que eu queria.
Oiapóque ou Chuí
Belém ou Floripa,
longe ou perto daqui.
Você era tudo o que eu precisava,
desejava,
ansiava,
e depois dormia.

01/06/2011
Janaina Maia

A casa amarela

Quantas pessoas abrigaram seus sonhos naquela casa amarela?
Quantas pessoas fizeram juras de amor,
fizeram amor,
amaram de verdade,
nessa casa perdida no meio da cidade?
Quantas crianças nasceram,
quantas correram e cresceram
nos seus espaços internos?
E os sonhos desfeitos?
A descoberta dos defeitos?
A superação da dor?
Quantas pessoas choraram,
e com palavras duras se magoaram?
Quantas viram a chuva das janelas?
E as mulheres, os talheres, as panelas?
Será que houve poesia,
e música nos fins de tarde?
Será que os risos ecoavam pela alameda,
derrubados dos galhos daquela árvore?
A árvore de frente da casa amarela.
A vista que dá pro rio.
A espera do que hoje é vazio.
A esperança de aplacar o frio?
Frio d'alma numa terra que não esfria?
Quantas pessoas...
Algumas sorriram atoa...
Outras sorriram em festas...
Será que houve serestas?
E se pudéssemos ouvir,
o ruído daquilo tudo que hoje está perdido,
no tempo,
na água,
nas frestas?
Ah! Quanta vida foi vivida,
naquela casa amarela!!

Janaina Maia (15/05/2011 - Belém do Pará)

Aos meus pais, Maia e Vera.

Tudo o que sou teve origem naquilo que vocês eram, naquilo que vocês foram... Sou um pouquinho da luz dos vaga-lumes que olhávamos por horas, nas noites escuras de roça... Sou o brilho das estrelas cadentes que caíram nos meus sonhos enquanto ficávamos deitados nas esteiras de taboa olhando o céu estrelado e declamavas “Ouvir estrelas... certo perdeste o senso...” Perdi o senso e agora sou a água doce das cachoeiras que nos banhávamos nos dias de calor... Calor... Sou o calor do fogão de lenha com cheiro de pamonha dos dias de inverno... Sou a brisa das tardes de pescaria na represa... Sou o doce do doce de abóbora com coco... Sou as páginas dos livros que folheávamos juntos enquanto dizias “Livros, livros à mão cheia, ..., o livro caindo n’alma, é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar...”. Sou o livro... Sou o poeta e o poema... Sou o bolo de fubá com café e a aspirina com cafuné... Sou bolo de aniversário com velas e parabéns e Natal cheio de gente com o presépio escondendo o presente... Sou festa nas tardes de domingo pra comemorar o “estar vivo”... Ahh! Também sou chuva, pra molhar a horta, pra brotar a rosa, pra ter cheiro de terra molhada... Sou sonhos e estórias de princesas encantadas... Sou fruta madura colhida no pé e passarinho solto no mato observado de longe, em silêncio... Sou o silêncio... Mas também sou a gargalhada boa e gostosa de crianças que brincavam descalças na estrada de terra... Sou a Terra... Sou essa menina que acredita num mundo justo e bom, bom como o café preto e forte levado na cama de manhã... Sou assim, acredito nas pessoas e na bondade como essência do ser humano... Acredito no AMOR e no perdão... Acredito na vida... Agora não mais com a ingenuidade da criança, mas com a felicidade do adulto que é o que sempre sonhou.
Obrigada, pai e mãe, obrigada...



Sou a continuação...