quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Lumière et ombre

Sur le photo de la tour Effeil vue de Montmartre

J’étais à Montmartre. Je ne me souviens pas d’avoir pris cette photo. C’était la fin du jour. Je retournais chez moi après un après-midi entier de promenade avec un groupe d’étudients. J’étais fatiguèe et affamée. Il y avait plu et j'avais pris la pluie.

La photo était mauvaise, sous-exposée, granulée. Vraiment une mauvaise photo, que nous supprimons avant le montage. Je n'ai pas jeté aucune photo de Paris. 

Aujourd'hui, j'ai ouvert l'album pour tuer la nostalgie. J'ai regardé cette photo de plus près. J'ai mis du temps. Et voilà! 
Lumière et ombre! 

Il y a des choses que l'on voit quand on ajoute de la lumière, de la couleur... Et il y a des choses que nous voyons quand tout est vraiment noir, dans l'ombre des jours, dans l'obscurité!

Lumière!

Ombre!

Photo faite à Paris en août 2018 et le texte écrit en août 2020.

Produção de texto do atelier "Récits de voyage", professor João Pires. 
Aliança Francesa São José dos Campos

domingo, 3 de maio de 2020

Uma outra estação!


Era verão, do outro lado do mundo...
Mas ainda haviam flores,
embora as lavandas estivessem desbotadas...
cansadas das festas da primavera.
As borboletas ainda voavam
Não mais coloridas, já despidas do baile
ensaiavam uma valsa íntima no quintal...
Era inverno em outros lugares...
Mas em nenhum era mais primavera!
Haviam, sim, flores rebeldes
teimando em florir fora da estação
Resistência! Resiliência! Paixão...
Fosse qual fosse o motivo
floriam por alguma razão...
Não era mais primavera


Se ia adiantado o verão...
Mas já haviam flores,
embora as lavandas ainda não estivessem tão coloridas...
iniciando seu preparo para florescer
As borboletas voavam seu voo matinal
iniciando a toalete do dia
preparadas para o début de danças da estação...
Era inverno em outros lugares...
Talvez em outro planeta já fosse primavera!
Haviam flores, precoces no broto e na relva
ansiosas para florir antes da estação
Vanguarda de um novo tempo
floriam por alguma razão...
Ainda não era primavera!


Janaina Maia

terça-feira, 21 de abril de 2020

Diário de quarentena

36º dia de quarentena, daqui há quatro dias estarei reclusa por um período de tempo condizente com o nome. Nesse período tenho saído de casa um vez na semana para idas rápidas ao supermercado, geralmente aos sábados bem cedo para evitar os horários de movimento nos estabelecimentos. O trabalho em home office está funcionando bem, rendimentos muito próximos aos do trabalho presencial, minha casa é meu templo, onde sinto paz, onde consigo me concentrar e produzir. Sei que do alto de todos os meus privilégios, estar em casa é um acalento e não uma prisão!



E talvez seja o que mais me incomoda e dói, saber que não estamos "todos" no mesmo barco como o senso comum propaga incansavelmente nas redes sociais. Sequer estamos sob a mesma tempestade, que pra uns é seca e árida, sequer uma gota d'água para lavar as mãos, sequer um prato de comida para saciar a fome, sequer um amor para apaziguar o medo... E muitos desses já estavam nessa tempestade de fome e desamor antes da Pandemia, onde estávamos que não víamos??? Para outros, encharcados daquela chuva fértil, solo promissor de sementes que germinarão depois da tormenta, a mesa continua farta e o álcool gel, no armário! Não estamos no mesmo barco! Esse pensamento me incomoda demais! E vejo que o primeiro passo para mudar a realidade é ter consciência dessa realidade, diferente de pessimismo, e talvez diferente de otimismo! Como diria Ariano Suassuna: um realismo esperançoso!


Mas, para além da esperança, é necessário chocar-se! E para chocar-se é preciso sair do senso comum e conhecer a realidade! E mais que conhecer: RE-conhecer. Reconhecer o lugar de privilégios onde estamos! Sentir o estômago embrulhado! Sentir a lágrima salgada! Ver! E então, com aquele bolo entalado na garganta, iniciar os movimentos da mudança que podem nos tirar a sensação de incômodo! Com essa ideia trago a tona o segundo senso comum que tenho visto e lido muito nas redes sociais: Depois da Pandemia o mundo será outro! Como se num passe de mágica as pessoas ficassem boas, caridosas, empáticas, conscientes de suas atitudes para com o Planeta e bla, bla, bla... O mundo pós pandemia não traz em si a concretização das mudanças positivas que tanto necessitamos, muito menos as atitudes tão necessárias e que já conhecemos e trabalhamos há anos, falando de sustentabilidade, crise ambiental, colapso das sociedades, consumo, etc, etc, etc. Ele até traz a semente disso tudo, mas precisa ser regada, cuidada, podada, acarinhada e trabalhada. E, além de todo o bem, haverão sementes ruins junto, muitas, do fascismo, do egoísmo, do materialismo exacerbado, do consumismo, da degradação ambiental, da exploração e crueldade animal...


Mancha urbana da cidade de São Paulo - Imagem Landsat 219/76 de 30/08/2018

Até aqui foram 36 dias, necessários para entender que talvez o nosso principal trabalho não seja agora, durante a quarentena. Agora talvez seja nosso momento de reclusão, de cuidarmos de nós mesmos e dos nossos, com recursos materiais ou afeto! Depois haverá muita terra para arar, muita semente ruim para arrancar e muita semente boa para adubar!
Janaina Maia, São José dos Campos, Outono, 21 de abril de 2020 - Auge da Pandemia Mundial do Covid-19.