terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Morro de saudade!


Morro de Saudade...
Um dia escrevi em corações e espalhei pela casa...
Nunca mais nos vimos, partiu na madrugada e fiquei
morrendo de saudade, sozinha...
Sorriu e disse que queria melancia,
partiu antes d'eu buscar.
Sorriu e disse já volto, cuida da casa!
Fiquei, morrendo de saudade...
Morro de saudade, eu escrevi nos poemas
Nunca mais voltei, parti eu dessa vez, sozinha...
Morro de saudade...
dos que partiram,
dos que ficaram,
dos que passaram...
Saudade, palavra doce...
sentimento, amargo!
E morro, somente na metáfora
que na verdade vou vivendo de saudade,
mais que de arroz e feijão, vou vivendo...
todo dia,
toda hora,
todo ano!
Morro de saudade dos que ficaram
noutras cidades
noutros estados
noutras histórias da minha vida.
Saudades das casas,
das ruas,
das luas,
das noites não dormidas!
Morro de saudade,
de mim mesma que fui ficando pelo caminho...
que fui me deixando pelas estradas,
que fiquei guardada pelos cantinhos,
que fui me perdendo,
um pouco em cada parada!
Morro de saudade
das lágrimas e dos sorrisos,
das flores e seus espinhos,
saudade dos carinhos
e dos que não foram!
Taças de cristal e vinhos...
Copos de vidro e água...
Café!
Morro de saudade...
De cada pedacinho que passou,
cada pedacinho que virá!
Saudade até do que não aconteceu,
daquilo que ainda será.
Sonhos roubados
perdidos
reformulados
Vivo de saudade
Morro de amor
Até dos que ainda não chegaram,
estes especialmente!
Saudade...



Janaina Maia
16/01/2017

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Sobre o tempo



Outro dia, enquanto fazia fotografias da família no dia de Natal, fiz algumas da minha avó e fiquei pensando no quanto aquelas fotos eram pura poesia. Ela, que aos quase 100 anos de vida, ainda sorri na ausência de muito do todo carinho que poderia receber, mas não recebe. Ela, que na sorte de ter pessoas amorosas sempre por perto, ainda sorri! Ela, que da família numerosa e farta de filhos, estava ali, naquele momento, rodeada daqueles que são os mais valorosos, e valiosos! De uma história sem começo nem fim, cheia de luta e amor. Uma avó que foi quase mãe pra mim e que vi o tempo passar por ela, arrasador!
Uma avó com alzheimer, que nem sempre sabe da existência do tempo, ou de mim, ou de seja lá quem for. Mas que me presenteia nos dias de lucidez com um "Ah! Janaina, minha filha..." (sim, ela me chama de filha!)
Aí virou poesia, poesia e fotografia!
Um presente para todas as avozinhas desse mundo, amparadas e abandonadas, que seremos nós mesmos um dia! Pois sim! Você será, um dia, a avó que você amou (ou abandonou!)...





Minha Avó!

O tempo passou por aqui e eu percebi
No cabelo branquinho da Vó!
Na mãozinha enrugada, o tempo passou...
O tempo passou por aqui e eu vi
No sorriso banguela cheinho de amor
Noutros tempos preparava o café
fazia bolinho de chuva pro tempo passar...
O tempo passou!
O tempo passou por aqui e eu senti
No abraço folgado, nos olhos fechados, na flor...
Na voz tão baixinha, sussurrada no ar.
O tempo passou tão depressa e tão devagar,
aqui nesse mesmo lugar.
O tempo passou...
Olhei nos olhinhos cansados, cansados de olhar
O tempo passou e me abraçou!
Eu senti
O sorriso, a calma, um pouquinho de alma
e o tempo a passar!
O tempo passou e levou
as crianças correndo naquele quintal,
o tempo passou queném vendaval!
O tempo passou...
Seu tempo, te digo uma coisa
e você não vai gostar!
Pode passar e levar tudo o que você puder
Tem coisa que você não leva,
seja o tempo que for!
Não leva a lembrança quentinha daquele café...
Não leva a lembrança do riso nem do cafuné!
Não, não leva o amor!



(Vem Janaina, que a Vó fez o café!)

Janaina Maia
06/01/2017 (enquanto o tempo passava e eu lembrada da Vó)