terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Feliz VOCÊ novo!

Não vou te desejar um feliz ano novo! Vou desejar um feliz VOCÊ novo para o ano! Também não vou desejar que 2015 seja melhor para você e que seus sonhos se realizem! Vou desejar que VOCÊ seja melhor em 2015 e que faça seus sonhos acontecerem!


O ano que inicia não será melhor por simples mágica se a gente não compreender que somos nós que fazemos os anos, todos os anos de nossa vida! Fazemos no dia a dia, fazemos a cada hora, cada minuto vivido. O ano será melhor se a gente se propuser a ser melhor! Não tem como o mundo ser melhor pra mim se eu não for melhor pro mundo! Gente, isso é tão simples!

Ah! Mas você é tão bacana, eu sei, eu te conheço! Eu também sou uma pessoa bacana! Você me conhece! Que legal, né? Então bora ficar mais bacana ainda. Não há nada na vida que a gente não possa pedir para acrescentar calda de chocolate pra ficar ainda melhor, não é?

E, embora seja um tremendo clichê dizer isso, ninguém pode esperar coisas novas e diferentes, coisas melhores e mais realizadoras, se continua fazendo tudo igual, da mesma maneira, com as mesmas cores e dores de sempre!

É clichê mas a gente vê isso todo dia e é bem triste! Pessoas que não gostam do que fazem e continuam fazendo! Que não gostam de onde estão mas continuam lá! Eu não acredito na falta de opção, exatamente porque acredito naquilo que eu disse no início do texto, nós somos responsáveis, escrevemos o roteiro, mudamos o curso das coisas, fazemos nossa vida acontecer! Fácil, fácil não é, mas quem disse que seria?

Quando eu cheguei em Belém em 2012, logo nas primeiras semanas eu me deparei com uma frase que dizia assim “Se você não gosta de onde está, saia. Você não é uma árvore!”. Concordo tanto com isso que imprimi e coloquei na minha mesa para olhar todos os dias! No dia em que eu entrar na minha sala e pensar que não gosto de estar aqui eu pego minhas coisas e vou embora (claro que tem o aviso prévio, claro que vou conversar com minha chefe e resolver todos os compromissos assumidos, claro que não sou uma irresponsável, isso é obvio!). O que eu quero dizer é que acredito que as pessoas precisam estar onde elas estejam felizes.

Quando fiz a impressão dessa frase a impressora fez duas cópias, então, para não desperdiçar, eu coloquei a segunda cópia num mural que tem no corredor. Ela ficou pouco tempo por ali, alguém tirou e imagino que não tenha sido por acaso porque nesse quadro de avisos tem coisas que já estão com mais de ano da validade vencida e ninguém tira! E tem espaço! Então penso que alguém não gostou da frase simplesmente porque as vezes a verdade não é tão bacana assim. 

Isso já faz mais de 2 anos. Minha frase continua firme e forte na parede da minha sala e talvez eu não saia daqui tão cedo, sei que sou passarinho e não árvore, mas hoje eu gosto de estar onde estou. Isso vale pra vida pessoal também! As vezes penso na pessoa que tirou a frase do mural, torço para que seja alguém que tenha ido embora buscar caminhos novos, que a façam mais feliz...



Então, nessa minha verdade torta e muito pessoal, eu gostaria de desejar aos meus amigos e amores: “Feliz VOCÊ novo para 2015!” 

Queria dizer também: “Meus amores, não aceitem o que é cômodo e o que é fácil! Peguem as rédeas da vida nas mãos e façam de 2015 o melhor ano das suas vidas. E quando chegar 2016 não aceitem menos, façam dele melhor que 2015... e assim sucessivamente!”

No final da vida a gente precisa olhar pra traz e ter certeza que tudo valeu a pena! Agora, nesse momento, você precisa olhar pra traz e ter certeza que até aqui valeu a pena. Se a sensação não for essa então é hora de mudar o rumo da história! Sem medo de ser feliz!
Janaina Maia

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo... qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.  Chico Xavier”

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Profissão: Bióloga!

Dia 05 de dezembro fez 17 anos que eu defendi meu TCC e cumpri com o último dos requisitos legais para receber meu título de bacharel em Ciências Biológicas e, desde então, quando perguntam pela minha profissão, a resposta é “sou Bióloga”!
Baita orgulho desse título! 
O elogio que mais gosto é quando uma pessoa, ao saber de minha profissão, solta frases do tipo “Eu já sabia, sua cara é de bióloga mesmo” “Nossa, você tem a maior cara de bióloga!” Adoro ter cara de bióloga, alma de bióloga, coração de bióloga!
Aprendi esse amor pela natureza com meu pai, que me levava pro mato com um binóculo alemão antigo que ele tinha, relíquia da Segunda Guerra, e ficávamos horas observando os pássaros! Ele, que me levava pra tomar banho de cachoeira, caminhar na floresta, fazer trilha na serra da Mantiqueira, admirar o mar de Ubatuba. Aprendi com ele, olhando estrelas e vaga-lumes, apreciando as chuvas e respeitando as tempestades. Meu pai! Sempre ele! Que me ensinava na vida aquilo que havíamos visto juntos nos livros!
Hoje, olhando meus vizinhos pássaros cantando na persiana da minha janela (aquele casal que fez o ninho aqui do meu lado) eu descobri que os observo com o mesmo encantamento da minha infância, e fico muito feliz porque isso me faz perceber que os atropelos da vida, as pedras do caminho, os tombos e rasteiras não conseguiram (e nunca conseguirão) tirar isso de mim... O encantamento pela vida! Meu pai conseguiu enraizar esse amor pelo belo e pela natureza de forma tão intensa que nada poderá arrancar... É árvore de raiz profunda, tronco vigoroso e copa frondosa, floresce e frutifica a cada estação!

E nessa minha profissão de bióloga também fui me tornando um pouco professora e um pouco pesquisadora, um pouco poeta e mais recentemente um pouco fotógrafa também, numa simbiose harmônica de atividades que me dão muito prazer e me ajudam a manter aquela minha convicção juvenil de poder mudar o mundo! 

Sim, aquela menina que defendia o TCC lá nos idos de 1997 sonhava em mudar o mundo... no meio do caminho ela descobriu que só poderia mudar o mundo a partir de si mesma e desde então colocou a mão na massa! Ela foi professora de biologia do ensino público, mapeou a Mata Atlântica na Serra da Mantiqueira, trabalhou com gestão da água e como voluntária de projetos comunitários em Santa Catarina e hoje ela salva um pouquinho da Amazônia todos os dias, em Belém do Pará. Ela realmente gosta daquilo que faz! E ela realmente acredita que o mundo possa mudar... Acredita que um mundo sustentável seja possível! Um mundo justo! Um mundo onde todas as pessoas parem para observar embasbacadas o canto de uma ave em vez de colocarem veneno para que elas não pousem nas árvores. Um mundo com mais flores e menos armas! Um mundo com observadores de pôr-do-sol e de praias desertas, ouvindo mais o som da natureza e menos o ruído histérico dos nossos centros urbanos!



Por tudo isso hoje é dia de gratidão, a todos que me ajudaram na construção desse caminho profissional que me faz realizada e feliz! São muitas as pessoas que eu teria que agradecer, amigos e colegas do tempo da faculdade, professores e orientadores, da graduação, do mestrado e do doutorado, companheiros de jornada nessa briga pela natureza, alunos que encontrei pelo caminho e que muitas vezes mais ensinavam que aprendiam. Obrigada!

Sozinhos não somos nada mesmo, a nossa maior beleza está nos outros, naquilo que eles deixaram de bom e de belo quando passaram pelas nossas vidas, naquilo que eles deixam de bom e de belo todos os dias ao permanecerem nos nossos corações!


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Grávida por adoção

Tenho tentado entender esse turbilhão de sentimentos que me invadiu desde que tomamos a decisão de adotar nosso bebê e demos início a todo o processo de adoção, sentimentos estes mais intensos ainda desde que nosso processo foi deferido e me peguei de fato nessa espera linda!



Imagino que quando uma mulher grávida pela biologia pega aquele papelzinho contendo o resultado do exame e lê “positivo” uma chuva de emoções cai na sua cabeça, no seu corpo, na sua alma. Tudo muito bem explicado por livros, em blogs, pela mídia e por todas as mulheres do mundo que já passaram por isso! Eu só não imaginava que essa mesma chuva de emoções cairia na minha cabeça, corpo e alma ao pegar o papel contendo o positivo dessa minha gravidez por adoção, um papel escrito “deferido” e entregue por um juiz!  Na hora foi impossível segurar as lágrimas, mesmo diante de estranhos. Seria assim se o papel tivesse sido pego num laboratório, eu choraria da mesma forma... Eu sempre choro quando estou feliz ou emocionada e nesse caso estava os dois!

E milhões de pensamentos passaram pela minha cabeça em poucos segundos. Milhões de pensamentos ficam se chocando na minha cabeça o tempo todo! Ele, meu bebê amado e tão desejado, está de fato à caminho de casa! E agora, o que eu vou fazer? Meu Deus será que eu vou saber cuidar de um bebê? Será que vou dar conta de tudo? E meu trabalho, como vai ficar? E quando acabar a licença maternidade, quem ficará com meu pequeno? E o apartamento que ainda não compramos? E o enxoval? O que será que eu tenho que comprar? Será que vamos conseguir educá-lo nesse mundo maluco? Será que nosso dinheiro vai dar pra tudo isso? E o plano de saúde, a escolinha, a babá??? E o nome dele, que nome vamos escolher? Como será seu rostinho? Será que ele será feliz? Será que ele será uma pessoa de bem? Ele gostará de rock como o pai ou de MPB como a mãe? Será que ele vai gostar de frutas e verduras? Preciso comprar livros infantis... Preciso comprar fraldas de pano modernas... Preciso comprar um sling... Preciso ser uma pessoa melhor! Será que ainda dá tempo? ...

Do positivo até hoje essa chuva de emoções só aumentou, uma tempestade aqui dentro, como se biologicamente algo estivesse acontecendo com meu corpo, uma sensação de formigamento na alma, uma inquietude, sensações que procuro palavras para definir mas não encontro... Nenhum livro ou blog que explique... E fico admirada porque sinto ele aqui, perto de mim, dentro de mim, mexendo na minha alma como quem acarinha o coração. Não sei qual a sensação de um bebê mexer dentro da barriga mas sei a sensação dele mexer dentro da alma e isso não é metafórico, eu sinto!

Sinto que tem um espaço no meu ser que antes era vazio e que agora começa a ser preenchido com algo, algo que só consigo definir como amor! Mas não é só amor, é amor e um senso de responsabilidade que eu nunca havia experimentado antes! É amor e uma necessidade de cuidar e proteger numa dimensão que eu nunca havia imaginado! Não é só amor... e desconfio que só quem é mãe pode entender isso (e me pego falando coisas que só as mães falam!).

Uma vez eu disse para uma amiga que a única diferença entre amor de mãe e o amor que eu sinto pelos meus sobrinhos é essa coisa da responsabilidade, da necessidade de proteger! Eu estava certa, é isso que faz o amor de mãe ser o maior do mundo e ela ser capaz de tudo e qualquer coisa pelo filho amado, este senso de responsabilidade e esta necessidade de proteção para com outro ser, que definitivamente não tem nada a ver com a biologia (se tivesse não haveriam crianças para adoção, não é mesmo?). Um amor que tem a ver com algo que extrapola nossa capacidade de compreensão desse espaço-tempo, dessa existência, desse nosso limitado campo de visão e percepção!

E meu filho está chegando, minha barriga não está crescendo mas meu peito parece que vai explodir! Meu filho está chegando, não tenho data prevista para o parto mas minha ansiedade não permite que eu pense em outra coisa! Meu filho está chegando! Não poderei amamentá-lo no meu seio mas vou alimentar seu espírito com meu amor! Meu filho está chegando! Não vou ver seu rostinho em nenhum ultrassom mas vejo seu sorriso nos meus sonhos! E as coisas que não vou passar, sentir ou viver não me entristecem porque essa é a minha história, não é mais bonita que outras bilhões de histórias de amor e maternidade, é a minha história, somente a “minha” história! E aqui a analogia com uma viagem é perfeita, se estamos indo para Paris de navio ou de avião, pouco importa, vamos chegar ao mesmo lugar e todas as duas viagens podem ser maravilhosas, experiências únicas e insubstituíveis!  Paris será sempre Paris!



Por falar em Paris, descobri agora que só um filho é capaz de fazer você abrir mão de grandes sonhos sem que você sinta que está abrindo mão de nada... e Paris... acho que vai ficar pra depois, porque meu filho está chegando!


Muitas vezes questionei silenciosamente os caminhos da minha vida, agora faço minha oração de agradecimento, tudo está certo como está, ele está chegando!


sábado, 9 de agosto de 2014

A cor da saudade



A saudade tem cor, tem cheiro, tem gosto
Tem rosto, seu moço!
Tem pinta de foto amarelada
Aquela que você vê sem querer 
No meio do livro de poesia.
Fecha os olhos e sente, como café na cozinha,
Que invade a alma da gente,
Com o cheiro bom, conhecido e quente.
E se lembra da ultima vez...
Você lembra da ultima vez?
O ultimo abraço,
O ultimo encontro do olhar,
Talvez tenha sido assim às pressas nessa nossa correria louca,
Talvez tenha sido meio sem querer,
Talvez tenha tido um pouco de magoa da briga besta,
Talvez...
E você não sabe quando será a próxima,
Quando poderá abraçar aquele ser amado,
Quando poderá dizer:
Vem, senta, fiz o café.
Deitar no colo pro cafuné.
Olhar em silêncio enquanto o sol se despede
E a lua vaidosa aparece
Saudade tem cheiro de flor!
Gosto de caramelo.
Cor de céu de inverno.
Ah! Saudade tem som...
De chuva batendo na vidraça,
De vento balançando a cortina
Vem fica aqui do meu lado
Quero fechar meus olhos
E sentir sua presença!
Quero abrir os olhos e ver
Que seu cabelo continua igual,
Que a vida continua a mesma!
Que o tempo não passou...
Saudade, de tudo que foi vivido,
De tudo o que não foi,
De tudo o que ficou!
Saudade...

Janaina Maia - 08/08/2014


 



terça-feira, 29 de julho de 2014

Iguais


Em algum momento somos todos iguais
Morenos, negros , brancos...
Em algum momento somos apenas apreciadores
Olhamos para o mesmo céu
e para o mesmo barco que passa
Em algum momento somos apenas sonhadores
E a mesma chuva molha nossa pele,
morena, negra, branca, amarela...
  Amarela nossa bermuda, rosa nossa blusa...


Mas a chuva que molha é a mesma e é outra
A mesma água diferente pra molhar a pele de tanta gente
A mesma paisagem pra tanto olho cansado
Cansado do trabalho diário
Cansado do sonho sonhado
O mesmo sonho que viaja no barco
Que viaja de avião ou na garupa da bicicleta
Somos todos iguais lendo poesias de vida
A mesma letra escrita pelo letrado
que não pode ser lida pela analfabeta...
Mas em algum momento somos iguais
Doutores e marias, abstratos e concretas
Fugindo da dor do muito
Caindo na dor do pouco, no porto
Porto seguro de um coração roubado
Rasgado e costurado
Costurada a pele morena, negra, branca e amarela
A mesma alma ferida, lavada, renovada...
No rio, na chuva, na água gelada
Do chuveiro que não esquenta
Na terra que não esfria!
Todos iguais, tão iguais
Amando homens e mulheres e sua peles
Morenas, negras, brancas e amarelas
Todos iguais no choro e no riso
Tão iguais num mundo de diferentes


E no mesmo chão do ateu é enterrado um crente
Naquele momento em que somos todos iguais!