terça-feira, 29 de julho de 2014

Iguais


Em algum momento somos todos iguais
Morenos, negros , brancos...
Em algum momento somos apenas apreciadores
Olhamos para o mesmo céu
e para o mesmo barco que passa
Em algum momento somos apenas sonhadores
E a mesma chuva molha nossa pele,
morena, negra, branca, amarela...
  Amarela nossa bermuda, rosa nossa blusa...


Mas a chuva que molha é a mesma e é outra
A mesma água diferente pra molhar a pele de tanta gente
A mesma paisagem pra tanto olho cansado
Cansado do trabalho diário
Cansado do sonho sonhado
O mesmo sonho que viaja no barco
Que viaja de avião ou na garupa da bicicleta
Somos todos iguais lendo poesias de vida
A mesma letra escrita pelo letrado
que não pode ser lida pela analfabeta...
Mas em algum momento somos iguais
Doutores e marias, abstratos e concretas
Fugindo da dor do muito
Caindo na dor do pouco, no porto
Porto seguro de um coração roubado
Rasgado e costurado
Costurada a pele morena, negra, branca e amarela
A mesma alma ferida, lavada, renovada...
No rio, na chuva, na água gelada
Do chuveiro que não esquenta
Na terra que não esfria!
Todos iguais, tão iguais
Amando homens e mulheres e sua peles
Morenas, negras, brancas e amarelas
Todos iguais no choro e no riso
Tão iguais num mundo de diferentes


E no mesmo chão do ateu é enterrado um crente
Naquele momento em que somos todos iguais!