terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Um ano sem carnes

Essa semana completei um ano sem comer carnes e achei que isso merecia um texto, um textão!

Outro dia comentei com uma amiga que meu marido havia dito que às vezes ele esquece que eu parei de comer carne e eu respondi que esqueço que um dia já comi, então ela disse que eu sempre fui vegetariana e não sabia! Na verdade ainda não sou, ainda como peixes uma ou duas vezes na semana, mas esse será o próximo passo.

Lembro-me da primeira vez que conheci uma pessoa vegetaria, e que descobri que existiam pessoas que não comiam carne, lembro-me da minha curiosidade de criança, era 1987 e eu tinha 11 anos. Na ocasião meu pai havia participado de uma atividade beneficente para arrecadar fundos pra igreja da cidade em que morávamos e uma das atrações promovida por ele foi uma luta de boxe com o pugilista Éder Jofre, vegetariano. Como meu pai recebeu a comitiva do lutador em nossa casa, o menù do almoço foi todo vegetariano. E meu pai sabia cozinhar muito bem, de tudo, e com uma criatividade única...

Naquele dia eu achei muito chique ser vegetariano, achei lindo, adorei a mesa com aqueles pratos coloridos de saladas e preparos ricamente decorados com o esmero e cuidado pelos alimentos que só meu pai tinha. A única foto que encontrei desse dia não é da mesa, menos ainda do meu olhar de encantamento diante dessa nova descoberta, mas tem meu irmão no cantinho direito, junto com nosso novo ídolo! Éder Jofre autografou um caderno de recordações que eu tinha e fiquei encantada com aquele homem que trazia para meu mundo essa novidade tão incrível, ser vegetariano!

Éder Jofre ao centro, rodeados pelas crianças da cidade e, no canto inferior direito, meu irmão.

Talvez nesse mesmo ano, não sei precisar a data, fomos passar o reveillon na casa de uma sobrinha do meu pai, em São Paulo, e qual não foi a minha surpresa quando vi a mesa da ceia dividia em duas, havia uma parte dedicada aos vegetarianos e (nova descoberta) veganos! Um primo me explicou a diferença e então descobri que haviam pessoas que não se alimentavam com nada de origem animal... Ao longo da vida conheci muitas pessoas adeptas do vegetarianismo, veganismo e até crudívoros! E sempre achei muito chique, muito legal, muito massa essas pessoas...

A primeira vez que pensei seriamente em mudar minha alimentação foi, ao trabalhar com Gestão de Recursos Hídricos, quando descobri que o consumo de carne impacta negativamente a água do nosso planeta. Para cada quilo de carne bovina produzida são gastos aproximadamente 17.000 (dezessete mil) litros de água! Então, quando você comprar um quilo de carne, saiba, você está comprando um quilo de carne e desperdiçando 17 mil litros de água! Muita água só pelo prazer de uma picanha mal passada! Sem carne a gente sobrevive, sem água não!



Mas tudo bem, eu diminuiria minha pegada hídrica de outra forma e íamos caminhando, trabalhando, sensibilizando, capacitando e educando as pessoas naquilo que eu mesma não fazia! Hipocrisia!

Então, quando me mudei para Belém em 2011, fui trabalhar em um projeto que fazia a qualificação do desmatamento da Amazônia e os resultados desse projeto comprovaram o que todo mundo já sabia, a pecuária tem um impacto gigantesco sobre a floresta. Descobriu-se que, de 2004 a 2014, aproximadamente 50% (cinquenta por cento) das áreas desmatadas haviam sido convertidas para pastagens, ou seja, o bife nosso de cada dia era responsável por boa parte do desmatamento! Eu já vinha driblando minha consciência com o desperdício de água contida em cada garfada e agora tinha que dormir com esse barulho, minha carne moída tinha moído muitos quilômetros quadrados de biodiversidade!


Até aqui eu já contribuía para o esgotamento dos Recursos Hídricos e com o desmatamento da Amazônia, que puxa!!! Um bom filé vale tanta água e tudo o que envolve o desmatamento da Amazônia? Com todos os animais que morrem e toda a biodiversidade que é perdida neste ato? Como não ter insônia com todas essas informações e com as reflexões que surgiram à partir delas? 

Mas eu tinha todos os argumentos que hoje as pessoas usam comigo e, pior, usava com os vegetarianos que eu conhecia (amigos vegetarianos, me desculpem por isso!!). Eu dizia, pra eles e pra mim mesma:

"Eu não consigo..."

"Eu gosto muito de carne..."

"É muito difícil..."

"Dá muito trabalho..."

"Eu não tenho tempo..."

"Alimentação vegetaria é muito cara..."

"Mas todo mundo da minha casa come carne..."

"Mas e aí eu vou comer o que? Só alface???"

"Vou ficar anêmica, ou doente ou sentir falta da proteína..."

"bla...bla...bla..."


Então, nos últimos 5 anos a vida mudou... Me mudei de Belém... Iniciei um ciclo de autoconhecimento, autocuidado, auto amor e auto cura... Comecei a fazer yoga, terapias complementares, oficinas de reconexão feminina, conheci a medicina Ayurvédica e pessoas incríveis foram cruzando naturalmente o meu caminho... Ou eu fui adentrando o caminho delas! O conhecimento é um caminho sem volta e quando a gente enxerga aquilo que vê, não tem como fingir que aquilo que foi visto não existe!



Mas o consumo de carne continuava martelando na minha consciência! Comecei a ver (e sentir) a energia da carne, energia de sofrimento e dor. Comecei a ter parâmetros de comparação quando, nas terapias e oficinas, tinha a oportunidade de vivenciar uma alimentação com energia de vida. Mas o consumo da carne continuava lá, pesando nas minhas decisões cotidianas!

As mudanças não são simples, é um passo por dia, um tantinho cada vez... As vezes precisa ser brusco, decisão de ruptura definitiva... Mas seja como for ela precisa vir de dentro, uma construção! De qualquer forma a abertura para o novo é algo incrível, outros mundos, outros olhares, outras Janainas prontinhas me esperando para serem desvendadas, sabores, cores, aromas... Amores!

Alguns questionamentos começaram a ficar mais fortes, que tipo de exemplos quero dar para meus filhos?? Eu, que acredito que crianças aprendem com aquilo que fazemos e não com o que falamos... Que tipo de vida quero ter com o passar dos anos, que mulher quero me tornar quando a velhice chegar pra mim?? Que contribuição eu trago para a sustentabilidade desse planeta que vivo???  Nem vou falar de aquecimento global... Sim, a produção de carnes contribui com isso também, e muito!

Algumas reflexões levam tempo pra ficarem prontas! Assisti Ojka no vôo de uma viajem... Fiquei em choque por dias! Até então eu tinha pensado na água, nas florestas, nos exemplos, na energia... Ojka caiu como um soco no estômago, o sofrimento animal! Ca-ra-ca! Temos mesmo que nos alimentar às custas de tamanha dor de outro animal? Lembrei do sítio do meu pai, dos sacrifícios  dos animais para consumo da família, para fazer embutidos que ele vendia, tudo sempre em meio à muita legria e festa. Aparentemente não havia sofrimento, os animais eram criado livres no sítio, mas haviam mortes...


A gota d'água foi o Manchinha. Você lembra dele? Aquele cachorrinho que foi espancado e morto por um segurança de uma unidade do Carrefour. Fiquei tão indignada quanto todos os amigos do facebook, mas me senti a mais hipócrita da face da terra... como posso me indignar com o sofrimento e morte de um animal e o sofrimento e morte de tantos outros virarem filé no meu prato? 

Então entrou o trabalho mais difícil dessa história toda: o que fazer com todas as memórias afetivas envolvendo o consumo da carne na minha família? Meu pai e minha mãe preparando as iguarias com tamanho amor e com seus talentos inigualáveis para a culinária! Lembranças tão caras e tão ricas pra mim, que os perdi tão cedo nessa vida! Chegava a ser uma ingratidão com minhas raízes, que valorizo tanto! Meu pai, tão sábio e tão carnívoro! Me tornar vegetariana, de certa forma, parecia até uma ofensa à memória do meu pai, tão amado!

Quem me vê hoje e acha que foi fácil pra mim, saiba, foi uma das decisões mais difíceis que tomei na vida! 

Na primeira semana minha decisão já provocou uma confusão em família. Minha sobrinha decidiu que também queria ser vegetariana e brigou com minha irmã ao declarar que não comeria mais carne! Fiquei com a orelha vermelha naquele dia! Calma, Vera, sua hora também vai chegar e você será a feminista vegetariana defensora dos animais mais linda desse universo! Hoje em dia, nas festas e encontros familiares, todos já pensam nas possibilidades de alimentos sem carne para que eu também possa comer bastante... E continuar na engorda! Hahahaha!


Mais recentemente outros questionamentos surgiram, a confraternização da empresa será numa dessas casas de carnes disputadíssimas nas fotos de instagram e não senti vontade de participar. Uma amiga me disse que lá tem opções vegetarianas... mas é uma casa de carnes! Então, pra quem leu o texto até aqui, imagino que tenha entendido que minha decisão de parar de comer carne vai muito além de "não comer a carne"! Foi uma construção ética, permeada pela busca de uma atuação no mundo um pouco mais sustentável e pela decisão de produzir o menor sofrimento animal que consigo nesse momento! Não, não é só comprar a opção vegana daquele estabelecimento! É a energia que eu gero com o meu trabalho, que chamamos de dinheiro, e que eu coloco num local cujo lucro é gerado pelo ato de matar animais! É político também... Todas as nossas decisões são políticas! E as minhas eu tenho lutado muito para que sejam conscientes.

Ainda continuo sentindo a pontinha amarga da hipocrisia nas decisões do meu dia a dia... mas ela me cutuca e me faz continuar com essa mudança, buscando melhorar, ser mais sustentável, mais condizente com tudo o que eu acredito... talvez um dia eu tenha compostagem de lixo orgânico em casa, talvez eu consiga chegar no lixo zero, talvez eu consiga acordar bem cedo aos domingos pra comprar orgânicos na feira, talvez eu tenha minha própria horta na sacada do meu apartamento, talvez eu vire vegana... ou talvez não... mas estou no caminho!


Pode ser que algumas pessoas achem radicalismo, quem sabe em algum momento eu entre numa churrascaria e coma só a salada... Hoje tenho priorizado os estabelecimentos pequenos, restaurantes locais, principalmente os que prezam por verduras e legumes produzidos localmente, e os vegetarianos! 



Tenho feito muitos preparos em casa, coisas simples, rápidas e deliciosas. Tenho pensado na qualidade daquilo que coloco no meu prato e, consequentemente, no meu corpo. Tenho descoberto que é muito prazeroso e saboroso, mais até do que o lanche do Mac que eu adorava! Mais prazeroso e muito mais saboroso que a picanha sangrenta que eu não dispensava! Muito mais...





Sou grata à todas as pessoas maravilhosas que me inspiraram, incentivaram e cruzaram meu caminho me mostrando tantas outras possibilidades nesses últimos anos! Grata pelas que me ajudam a cuidar da minha mente, do meu corpo e do meu espirito! Gratidão ao companheiro incrível que o Universo me presenteou e a todo apoio que ele me dá, embarcando comigo nessas viagens malucas que faço pelo universo das minhas reflexões! Obrigada família, que aceitou, entendeu e está mudando junto comigo! 



Namastê!








sexta-feira, 23 de agosto de 2019

-Jana, você dança igual aquelas meninas dos anos 80...
-Jad, eu sou uma menina dos anos 80!

Nosso primeiro reveillon juntos, tudo novo de novo pra mim, tudo novo pra ele! Show cover da Legião Urbana na Estação das Docas em Belém, uma das bandas que marcou a minha vida nos anos 80, que marcou a vida dele nos anos 90, que marcou o início do nosso romance! E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração... e quem irá dizer que não existe razão...

Desde então foram 8 anos de música, shows, companheirismo, amor, sonhos, mudanças, trabalho, diversão, alegrias, tristezas, superação... Fizemos natação, pilates, yoga e fomos viajar! Fomos de ônibus, de carro, de trem, de avião... Fomos pro norte, pro sul, pro nordeste!

Amargamos o Golpe! Gritamos #ForaTemer!

Gritamos #EleNão! Choramos a derrota... Juntos! Nossas lágrimas foram tão livres... Nosso espírito também!

Defendemos a Amazônia, os direitos dos LGBTQI+ (aprendemos o significado de todas as letras dessa sigla), lutamos por direitos humanos, falamos em nome do feminismo e dos direitos das mulheres, abominamos a masculinidade tóxica e lutamos arduamente contra o machismo nosso de cada dia enraigado na nossa alma por essa cultura paternalista e medíocre (sem vírgula mesmo!)! Entramos na fila da adoção! Ah, a fila da adoção... Amamos as crianças ao nosso redor, sobrinhos, afilhados, filhos de amigos! Amamos com amor de "mãe" (maior balela que esse tal amor de mãe só quem pariu sabe! A gente sabe! A gente ama!).  Dividimos nossas tarefas diárias, somamos nosso carinho e nossa atenção, espalhamos amor, fizemos terapia! Juntos! Tudo junto! Há oito anos!

Oito anos! É pouco tempo? É muito? É bodas de alguma coisa? Sei lá... Não sabemos... Não nos importa. Tem mais amor nesses oito anos que no século inteiro antes de nós! Vai durar pra sempre? Vamos envelhecer juntos? Faremos bodas de ouro? De diamantes? Não pensamos nisso. Temos o mais precioso de cada um, nosso agora, a única coisa que realmente possuímos e que genuinamente dividimos, juntos! Aqui, agora, nesse tempo que nos permitiram viver e dividir, somamos amor e escrevemos nossa história!

Uma história feita de música, Engenheiros, Legião, Titãs... Ele me apresentou um mundo de rock pauleira e eu trouxe MPB pra sua vida. Ele veio cheio de AC/DC, Roger Waters, Pearl Jam... Eu enchi seus dias de Marisa Monte, Adriana Calcanhoto, Caetano, Arnaldo Antunes, o mais doido dos Titãs!

E desde o nosso primeiro ano novo juntos, aquele incrível ano de 2012, nós nos tornamos experts em arquitetura de sentimentos, construímos o maior, mais sólido e sincrônico amor já visto nessa região tropical do globo terrestre e, confesso, nesses tempos de tanto ódio, nesses tempos de trevas e escuridão, a luz que nossa relação emana ilumina meus dias. Nesses tempos de absurdos colossais, preconceitos surreais, ignorâncias abissais, adentrar nossa casa cheia de harmonia e encontrar o eco dos meus pensamentos e da minha ética me faz ter forças para continuar, para acreditar, para viver!

Nosso amor é o lugar do universo que quero para criar nossos filhos, aquele no qual os exemplos são exatamente os que eu acredito que uma criança precise e mereça! Então meu bem, sigamos, estamos no caminho certo, certeza!





PS: As fotos foram feitas no meu aniversário em 2018 onde, algum sobrinho, que não sei qual, pegou minha câmera e saiu clicando loucamente. Essas 4 foram selecionadas d'um conjunto de umas 20, com foco, sem foco, de frente, de costas! Temos poucos registros nossos assim tão espontâneos, já que a câmera, geralmente, está nas minhas mãos. E eu adorei! Reflete nossos sentimentos!

PS2: Jadson, além de te amar, eu tenho muito orgulho do homem que você se torna a cada dia! Do tipo que corta a própria carne pra extirpar o machismo incrustado por séculos desse patriarcado ridículo, do tipo que enfrenta as piadinhas de outros homens e não entra nesse joguinho besta de masculinidade tóxica! E te agradeço especialmente pelo seu posicionamento político nesse momento tão delicado do nosso país, eu não continuaria casada com um homem que votasse, defendesse e aceitasse as mediocridades e absurdos do Bolsonaro, não se trata de opinião politica, é caráter, ética, é civilidade, humanidade... Obrigada por isso, porque eu sei que seria feliz sozinha também, mas é muito bom ser feliz com você!

domingo, 4 de agosto de 2019

Rouen - França



E aqui eu chorei, por todas as mulheres queimadas pela inquisição, queimadas como bruxas, pelo preconceito, pelo machismo, pela ignorância. 

Por todas as mulheres que ainda hoje ardem nas fogueiras de relacionamentos abusivos, de uma sociedade machista e desigual, por todas que aceitam, e pelas que gritam! 

Aqui eu chorei, por minha mãe, por minha avó e por mim. E fiz uma oração, para as que vieram e virão depois de mim! Que encontrem um mundo mais gentil, de amor e de igualdade! E que saibam lutar por ele até o fim!

 #FeministaSim #BolsonaroNão

Rouen/França 04.08.2018

domingo, 21 de julho de 2019

FOME!

Saia dessa sala, ricamente ornamentada... 
Vá para o jardim, pise na grama, se machuque com algum espinho... 
Saia desse jardim, ricamente planejado... 
Vá para o árido, solo rachado, sol rachando, fome!
Saia dessa mesa, ricamente composta!
Vá conhecer as dores que não são as suas, as fomes que você nunca viu, vá conhecer! 
Deixe essa mesa de iguarias e vá provar do pão seco que o diabo amassou do outro, que você não enxerga porque seu jardim esconde, sua janela abafa e sua realidade desconhece. Mas existe!
E, em tempos sombrios, é difícil explicar o óbvio!

sexta-feira, 28 de junho de 2019

A bailarina na corda bamba


Alguns caminhos não possuem volta, você inicia e tem que ir até o final e entre o começo e o fim as únicas coisas que se pode fazer é esperar, se equilibrar e continuar! 

Como uma bailarina na corda bamba, sem rede de proteção, sem meio termo. Não, não há como descer dessa corda agora! E lá está ela, a cidade aos seus pés, o vento das alturas, a corda entre dois arranha-céus, o vazio, o frio, a chuva, o sol, o calor. 

Não é possível correr, não dá pra apressar o passo, é pé ante pé, num ritmo próprio, vagaroso, decidido pelas intempéries externas. Os braços estendidos doem, equilíbrio, força, coragem, concentração. Respiração! Transpiração!

Pra baixo o abismo da altura, pra cima o céu, azul nos dias frios de inverno, negro nas noites sem lua, estrelado!

Pé ante pé. A bailarina caminha, demora, espera, respira... O vento vem, o vento passa. Outro passo, compasso! Marcado pelo tic-tac do relógio da catedral, o sino toca, a bailarina sonha. Mais um passo! O tempo vem, o tempo voa, o tempo arrasta!

E agora, no meio da corda, metade! Para, olha pra frente. Não olhe pra traz!! Para, olha pra cima. Não olhe pra baixo! Reinicia, a metade do fim! Respira!

A bailarina segue. Não sabe o que vai encontrar quando chegar, as horas passam, silêncio! Não sabe como será depois daquilo que falta, se completará... ruídos! Não sabe a cor do que procura nem a dor do que espera, vai lenta, enquanto a vida acelera!

O poente está a frente, o pôr-do-sol lembra que haverá outro dia, outros sóis, outros caminhos, outras cordas e outros caminhares! O nascente empurra! Não importam os dias que findaram.

Vai bailarina, suas asas de borboleta te farão voar quando faltar corda! Caminha, voa, segue! No fim haverá outros começos. No fim nada termina e tantas outras coisas só começam quando acaba, a corda. Acorda! 

Baila, na ponta do pé! Baila, nas asas desses novos sonhos que virão! Baila e caminha, que o frio aplaca e em breve chega novamente o verão!

Vai bailarina, voa, que o caminho da metamorfose não tem volta, mas nada supera o prazer do voo e a beleza das asas!