domingo, 6 de janeiro de 2013

Belém que te quero bem!


Hoje faz dois anos que meu avião adentrou uma cortina densa de chuva e pousou em terras belenenses, quente e úmida Belém. A cortina cinza que avistei pela janela, diferente de toda chuva que eu já havia visto na vida, me fez ter certeza: nada nunca mais seria o mesmo, eu nunca mais seria a mesma... Caí de paraquedas e guarda-chuva...


Mas afinal não é assim todos os dias? A mudança não acontece a cada segundo da vida vivida? Sim, é assim mesmo, viver é mudar! Mudamos quando respiramos, quando pensamos, o tempo todo desde o nosso nascimento e antes dele e depois... A mudança é a única certeza da nossa existência. Mas creio que essa foi das com maior intensidade e com o rito de passagem mais marcante que já tive na vida. Nem a entrada triunfal, vestida de branco, na igreja decorada com rosas vermelhas foi tão significativa que o voo pela cortina de chuva adentro!


Depois, ao descer da aeronave, o impacto com o ar quente e úmido e com o peso e força da energia das águas e das florestas presente no ar de forma inacreditavelmente visível. É mágico, pena que nem todo mundo tenha sentidos de sentir o que se passa além daquilo olhos físicos podem ver. Acredito inclusive que muita gente não se acostuma com os ares da Amazônia muito mais por incompatibilidade de energia do que propriamente pelo calor e umidade do ar, mas elas não sabem definir de onde vem o mal estar que as invadem.


À mim só sentimentos e sensações boas se apossaram d'alma. A força dessa energia toda, condensada e derramada sob a terra na forma de chuva, deixando o ar leve depois de cada tempestade, fez ter certeza do renascimento após cada ciclo. Certeza da Criação e da renovação da vida, dia após dia. Olhar a cortina de chuva vindo no horizonte se tornou uma das minhas visões favoritas, lado à lado com a apreciação do por-do-sol amazônico.


Belém me ensinou a tirar o melhor de cada situação, a olhar para o feio procurando o belo e a olhar para o belo sem sequer reparar o feio. A gente vê o que procura, enxerga aquilo que alimenta no espírito. Se eu só vejo maldade é isso que procuro e alimento em minha alma, é exatamente isso que vou encontrar. Então o que deve ser mudado não é o que eu vejo, mas o que eu sinto, o que eu sou e o que eu procuro. O que eu vejo está na essência daquilo que eu sou...


Claro que existe a maldade, muitas coisas estão erradas, o lixo está espalhado pelas ruas. Porém a única coisa que está de fato ao meu alcance mudar, sou eu mesma, minhas atitudes, meus pensamentos, minha conduta. De nada adianta criticar o lixo de fora e esconder o lixo de dentro. Belém me ensinou a olhar pro barro podre no qual eu me transformei e querer melhorar sua constituição. Um pouquinho a cada dia, voltando a purificação original do amor.


Ah! Belém! Com seus cheiros, cores, sabores. Com todo esse jeito de mulher, faceira, arteira, manhosa, encantadora, sedutora... Dona de um gênio forte, sem meias vontades, ou chove de verdade ou faz sol de rachar mamona. Belém... Belém do meu bem... Belém que eu quero tanto bem... Obrigada por me receber de volta e tão bem!


Um comentário:

  1. Admiração e agradecimento por fazer parte da minha vida, uma cumadi tão linda, com um coração tão belo! Beijos

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